Entro na contramão
faróis me cegam a vista
buzinas me calam a boca
divisei-te junto a mim
Vieste ligeiro
calmamente
de carona em
uma estrela alada
Foi-me tocando
as entranhas
em doces
canções de roda
E do quase nada
fiz-me muito
aspirando-te
querendo-te
fundindo-me
a ti
Vesti-me de lua
e num crescente
insistente
fiz-me cheia
embriagada já
por teu cheiro
teus trejeitos
imaginados
O amor transbordou
inteiro, e te recebi
nos braços
despido de tudo
vestido de vida
Os ventos ferinos, andinos,
sussurram zombeteiros,
passam apressados,
destelham telhados,
assombram infâncias,
surrupiam lembranças
de tempos passados;
Dançam e dançam
nas soleiras das portas
nas árvores frondosas
nas porteiras abertas
e após os destroços,
das saudades roubadas
simplesmente vão saindo
sussurrando, sussurrando...